Inovação é o maior diferenciador competitivo no mercado de ‘software’
O esforço despendido em Investigação e Desenvolvimento (I&D) aumentou significativamente nos últimos anos entre os líderes do mercado de software, devido à percepção de que a inovação é o factor competitivo mais importante no momento actual. A conclusão faz parte de um estudo realizado pela IDC junto dos principais fornecedores a actuar em Portugal.
A empresa da IDG defende que “a linha de evolução do mercado chegou a um importante ponto de inflexão” e que a capacidade de inovar passou a ter importância estratégica. Além de se verificar um aumento do montante destinado a I&D, as maiores empresas do mercado passaram a ter como objectivos “enquadrar uma nova visão para o futuro da tecnologia e da actividade empresarial e gerar as ofertas de software adequadas”.
De acordo com Gabriel Coimbra, research director da IDC Portugal, a crescente tendência para a inovação é mais visível nas subsidiárias de multinacionais e nas ‘software houses’ portuguesas que competem no mercado internacional, visto que “o ambiente competitivo é muito maior”.
Software fora da crise
O relatório revela que o volume de negócios gerado em 2004 pelos 119 fornecedores analisados foi de 467,88 milhões de euros, 54% dos quais investidos em software de infra-estrutura e desenvolvimento e o restante em software aplicacional.
Sem surpresas, a IDC constata que o mercado apresenta “uma grande fragmentação”, que se traduz no facto de apenas a Microsoft apresentar uma quota de mercado superior a 10%, seguida da SAP.
Por outro lado, é referido que a crise económica que se tem arrastado no nosso país não parece ter tido impacto de relevo neste segmento específico, tendo em conta que apenas duas das vinte empresas do topo da tabela apresentaram no ano passado crescimentos negativos no volume de negócios, quando comparado com 2003. Gabriel Coimbra explica esta questão com o facto de se tratar “de um segmento menos desenvolvido, menos maduro que outros”, o que se traduz numa grande dinâmica e apetência pela inovação.
Concentração nos serviços
No que respeita ao mercado de serviços de TI, a IDC concluiu que o maior destaque é dado ao papel das parcerias, que são entendidas como agentes nos quais assenta boa parte do sucesso. Em termos de números, os 153 fornecedores analisados geraram em 2004 1.203,65 milhões de euros, que se distribuíram em consultoria, integração e implementação (38%), suporte/formação(34%) e ‘outsourcing’ (28%).
Por outro lado, trata-se de um mercado extremamente concentrado, visto que os dez maiores fornecedores representam mais de 50% do volume de negócios total. No caso do ‘outsourcing’, esta concentração é ainda mais flagrante: os dez maiores somam 75%, sendo que, como explica Gabriel Coimbra, esta área apresenta taxas de crescimento superiores ao resto do mercado. “O ‘outsourcing’ não era uma alternativa assumida como é hoje”, explica o responsável, referindo ainda que muitos projectos de integração e implementação estão a passar para este formato.
Não obstante, o tecido que se situa abaixo do top 25 é bastante fragmentado, o que torna “proibitiva uma análise completa”. A empresa refere que as soluções disponíveis no nosso mercado fazem parte de um leque muito variado, que foca as principais áreas aplicacionais e de infra-estrutura (da gestão de redes à implementação de aplicações de gestão empresarial).
Vantagens competitivas
“Estes estudos possibilitam às empresas ter um conhecimento factual sobre a concorrência e o mercado como um todo”, adianta Gabriel Coimbra, referindo que “praticamente todas as grandes empresas têm interesse em informação detalhada” deste tipo. Noutros casos, os relatórios são procurados por novos ‘players’, que entraram no mercado há pouco tempo e pretendem saber qual o ambiente concorrencial no qual se movem e a visibilidade exterior da sua própria performance.